Kleina sai ileso do rebaixamento e ganha moral de Tirone, que vê volta da 'pegada' de título

Gilson Kleina comandou o time em 11 jogos na Série A

Foram quatro vitórias, dois empates e cinco derrotas, desempenho insuficiente para manter o Palmeiras na Série A do Campeonato Brasileiro. Mas poupado por torcida e diretoria, o técnico Gilson Kleina sai da frustrada luta contra o rebaixamento com moral elevada e confiante na reconstrução de um elenco aos pedaços.

Desde que assumiu, o ex-técnico da Ponte Preta trata a queda com naturalidade. Nas últimas semanas, disse que ir à segunda divisão com o Palmeiras não significava uma mancha no currículo, e sim um fortalecimento profissional para um técnico iniciante em clubes de tamanha proporção; depois, afirmou que quer contratar jogadores que mostrem desejo de jogar no clube pelo que ele é, independente do campeonato que jogue; mais tarde, ainda se apegou ao exemplo de Marcos, ídolo que elevou o status de santo ao levar o time de volta à Série A há uma década.

Em relação ao time, o treinador se orgulha de dois pontos fundamentais. Primeiro, do padrão que o time alcançou sob a nova gestão – à exceção do clássico contra o São Paulo, como o próprio admite, o time teve condições de vencer todas as outras partidas do Brasileiro -, e segundo, da promoção de jovens que viviam longe das escalações de Luiz Felipe Scolari.

“Quero enaltecer o elenco. A gente jogou sempre fora, teve a logística prejudicada, teve lesões. Mas o time pegou força, padrão e podia ter feito sete pontos nesses três jogos, ganhando do Botafogo e do Flamengo e empatando com o Fluminense. Eu estou sentido, mas abracei a causa, abracei o Palmeiras. Podem trabalhar igual, mas ninguém trabalha mais que a gente”

“E sobre os.garotos, eles não tem culpa nenhuma. A responsabilidade é toda minha”, disse nos vestiários do Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, em jogo que pouco depois representaria a queda alviverde.

Agência Estado

Kleina brinca com a bola durante treino na Academia

Os jovens, de fato, tomaram uma proporção há tempos não vista na Academia de Futebol. Contra o Flamengo, João Denoni e Patrick Vieira foram ausências das mais sentidas, já que se machucaram uma semana antes e vinham sendo titulares no meio-campo de Kleina. Com desfalques, o treinador relacionou Diego Souza, Bruno Oliveira e Bruno Dybal para a partida, sendo que os dois últimos ficaram no banco e Dybal ainda entrou no segundo tempo. O gol que dava a vitória para o Palmeiras até os 44 minutos do segundo tempo também foi marcado por um prata da casa, Vinicius, que viu a grande referencia dos garotos empatar o jogo. Vágner Love, maior revelação do time na primeira Série B, em 2003, deixo tudo igual.

O gerente de futebol César Sampaio é outro que vem elogiando muito o trabalho de Kleina. Até a principal organizada do time, a Mancha Alvi-Verde, fez questão de ressaltar que as críticas não valem para o comandante. “Elenco do Palmeiras, tirando Barcos e comissão técnica, vão todos se f.... Saiam do Palmeiras, seus incompetentes”, publicou a torcida na noite de domingo.

Já os prováveis candidatos da eleição presidencial de janeiro também já articulam um grupo de transição que deve deixar clara a intenção de manter o técnico para 2013. Paulo Nobre, Décio Perim e Wladimir Pescarmona divulgaram que irão se reunir para tratar do planejamento do futebol, já que um deles – além de Tirone, que pode tentar a reeleição – assumirá o clube na semana do início do Campeonato Paulista, no meio de janeiro.

“Eu mantive por muito tempo o Scolari e não me arrependo. Ele foi procurado na casa dele em Portugal e deu o sangue pelo Palmeiras. Agora, ele [Gilson Kleina] também foi buscado e se depender de mim tem de continuar. Fez inovações no time. O time está com a pegada na Copa do Brasil, está no caminho certo”, comentou o atual presidente em entrevista coletiva na Academia de Futebol. Pescarmona, em entrevista aos canais ESPN, também se mostrou favorável ao nome do atual comandante. E a tendência é que o comitê aprove a manutenção de Kleina.

Pelo Brasileiro, o Palmeiras vai a campo nos dois próximos finais de semana para cumprir tabela na Série A. Primeiro num duelo que já simula a segundona contra o também rebaixado Atlético-GO, o time tem quatro desfalques certos: os suspensos Márcio Araújo, Román e Barcos e o lesionado Tiago Real; depois, fecha o ano com o clássico contra o Santos na Vila Belmiro. 

Por Paulo Silva Jr., de São Paulo (SP), para o ESPN.com.br