Pessoas inteligentes fazem entrevistas inteligentes. E
emocionantes, como foi a entrevista feita pelo escritor e dramaturgo Benjamin
Santos, com o vereador eleito pelo PSL, Marcos Meneses da Cruz - o Foguinho,
para o jornal “O Bebém”, edição que está nas bancas.
Foguinho conta um pouco de sua história de vida, de seus
sofrimentos, perseguições sofridas, preconceitos...Selecionamos trechos da matéria,
que publicamos abaixo:
Onde você nasceu? Fale
um pouco de você.
Em Dom Pedro, no Maranhão (...).Tenho cinco irmãos, um deles é
o Marcos Palhano, um dos melhores cantores da cidade, isso eu não tenho dúvidas.
Eu estudei até o sexto ano primário, não terminei porque tinha que trabalhar.
Percorri muitos Estados, sempre vendendo, sempre camelô, buscando uma vida
melhor, vendendo minha bigingangazinha. É a profissão que eu sempre tive,
profissão que eu amo e abraço. O camelô Foguim. Só dava mesmo pra me manter,
comer, dormir. Mas sempre gostei dum hotelzim bom. Conheci Parnaíba em
2000(...).
Por que você foi
preso?
Porque é profissão ilegal e a gente é diferente dos outros
camelôs, a gente sorri, a gente incomoda. E quando a gente incomoda, a gente
paga esse preço. Mas eu não tenho mágoa. A última prisão parece que foi porque
eu tinha muita mercadoria. Eu fiquei oito dias na penitenciária daqui e não
consegui saber por que. Mas não quis envolver meus filhos ( ele tem o Michael
Jordan e Michael Jonhson). Falei pros meus vizinhos:cuide dele, dê comida pra
ele.
Você se tornou na PHB
um mestre em comunicação popular. Como foi isso?
Falar, conversar. Eu descobri que o meu povo da Parnaíba é
carente. É, Benjamin. Carente de amor, carente de bom dia, boa tarde, olá, tudo
bem? E a família como vai? E teu filho, vai bem? Fazer uma criança sorrir. É
isso. Usar minhas ferramentas, as minhas armas: dar isso pro meu povo: sorriso,
bom dia, te amo, como é que tá tua mãe?
Você esperava ser
eleito?
Esperava. Eu esperava, sim, porque eu acreditava no meu
povo. Eu passava po rmil e diziam assim: eu vou votar em ti. Aquilo ali me
fortalecia.
Você teve patrocínio
financeiro?
O meu pai, o Toureiro, me ajudou sim.(Toureito é um empresário dono de uma rede de supermercados na PHB).
Muitos me tiraram das calçadas, muitos e muitos. Ele sempre me apoiou, me botou
debaixo da asa dele, me deu sombra. (Toureiro
deixou que Foguinho instalasse seu carrinho de cedês na calçada de sua farmácia,
em frente ao supermercado da Rua
Pedro II). Nunca foi contra. É um pai, que eu digo que eu sempre precisava
ter em Parnaíba.
Até você receber o primeiro salário, vão se passar três meses. Como é que você vai viver até lá?
Hoje, como parlamentar, eu não posso mais vender cedê pirata. Eu já
sabia que era errado, mas era o jeito. A banca fica lá, com meus irmãos,
eu digo irmãos-de-rua, não são meus irmãos, mas eu não tenho mais nada
com a banca.
P.S.:Foguinho disse também que está há seis anos no bairro
Santa Luzia pagando aluguel, depois de passar por várias pousadas.Agora,
como vereador, ele tenciona comprar uma casa.
Dos novos vereadores eleitos em Parnaíba Foguinho é um dos mais requisitados para entrevistas
Fonte: B.silva
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