A seca no Piauí dizimou a safra agrícola, o rebanho e agora vitima o sertanejo.
Com a falta d água e perdas agrícolas acima de 95% e com 200 dias sem
chover, o agricultor está vendendo o que ainda resta do rebanho antes
que os animais morram por falta de água e de pasto.
O trabalhador rural está sobrevivendo dos programas do Governo como a
Bolsa Estiagem, Bolsa Família e Seguro Safra. Eles não têm o que comer e
falta água para consumo humano e animal. Na região de Paulistana, o
Governo do Estado está distribuindo carne gratuitamente entre as
famílias atingidas pela seca.
No Piauí, dos 224 municípios, 199 prefeitos decretaram estado de
emergência por falta dágua e pelas perdas agrícolas, sendo que 187
tiveram o decreto reconhecido pelo governo. As pessoas que vivem no
semiárido hoje dividem os pontos de água com os animais. A água não tem
mais qualidade, devido ao baixo nível dos reservatórios. O que resta de
água nos açudes, pequenas barragens e outros reservatórios já se mistura
ao barro, devido à evaporação natural sob um sol de 40 graus e a coleta
feita pelos populares e pelos carros-pipas.
No município de Caracol, a 605 quilômetros ao Sul do Te-resina, um homem
conhecido como Salvador Dias cometeu suicídio na noite do último dia
28. Ele morava na zona rural e, muito prejudicado com a seca, vinha
lamentando que não tinha nenhuma ajuda das autoridades. Ele morreu
enforcado em casa. “Esta é a seca de maior proporção nesta região nos
últimos 50 anos”, afirma o frade franciscano Frei Jonecildo da Silva
Cruz.
Em Picos, a 306 quilômetros ao Sul de Teresina, o criador Rovilson Leal
Pereira, morador do povoado Angical dos Domingos, decidiu levar o que
restava do seu rebanho para o município de Elesbão Veloso, a 150
quilômetros de distância, para evitar a morte dos animais. “Aqui não
tinha pasto para eles comerem, porque não choveu. O gado morreria de
fome se eu deixasse aqui”, justificou, dizendo que outros tomaram a
mesma decisão, mas alguns animais mor-reram no caminho. Rovilson afirmou
que os pecuaristas têm que pagar R$ 10,00 por cada cabeça no pasto
alugado.
As entidades envolvidas com o drama do trabalhador rural se organizam
para realizar a 2ª Marcha do Grito do Semiárido no Piauí, hoje, em
Picos, exigindo medidas estru-turantes e urgentes para a convivência com
a seca. O objetivo é reunir mais de 1.500 pessoas no ato público. “A
perda na produção de alimentos é estimada em 90%”, afirmou o coordenador
do Fórum Piauien-se de Convivência com o Semiárido, Humberto Campos.
DP
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